A escola pública estadual Ermano Marchetti, situada no bairro de Pirituba em São Paulo, realizou um desfile afro como ação cultural de integração e comemoração ao Dia da Consciência Negra.
Não é de hoje, e nem somente em datas específicas, que a importância da cultura afro-brasileira na construção da nação e de nossa cultura é relevante. Outros temas como a herança da escravidão, a permanência da discriminação racial e a importância de se afirmar as identidades de origem africana e o seu lugar na sociedade, precisam ser mais discutidos e esclarecidos em nosso meio.
Enquanto não colocarmos a perspectiva do negro, do índio e das gerações que passaram construindo o Brasil de origem, não teremos de fato nossa real identidade revelada, já que nossa cultura, apesar de ter sofrido com o tempo variadas influências, nunca se expos da maneira que realmente ela é.
A ideia de um desfile afro partiu de dois ex-alunos da instituição, e foi transformada em uma ação cultural com relação direta à comemoração ao dia da Consciência Negra. O trabalho artístico realizado com os alunos teve a finalidade de conscientizar através da pluralidade e da inversão de padrões pré-estabelecidos pela sociedade, uma verdadeira mudança de olhar no próprio ambiente desses estudantes.
Mediado pela professora Isabel Toledo, parcerias com colaboradores locais como a Maria Maria Boutique, que forneceu belíssimos acessórios para o desfile, e muitos outros, foram de extrema importância para: elaboração e produção das roupas, maquiagem, divulgação e apresentação do evento. Serviços cedidos por profissionais e contribuintes que realizaram e enriqueceram essa comemoração de maneira única.
Nos diversos meios de relacionamentos, o fato de você não seguir ou "pertencer" às regras sociais de espaços específicos, fazem muitos jovens, de forma tendenciosa, seguirem certos padrões. As pessoas precisam de fato aprender a conversar e trocar ideais sobre diversos temas delicados, vividos e vivenciados em nossa sociedade, em nossa cidade, e em nosso país.
De uma maneira geral todos clamam por um país melhor, e isso em diversos seguimentos da sociedade, e já que estamos querendo ações para alcançar um mínimo de equilíbrio, porque não tocar então nos assuntos que já atravessam por muitos e muitos anos e que realmente precisamos falar dele de forma aberta.
A reflexão em torno da desigualdade, com seriedade, sempre se mostrou necessária em nosso meio, seja na forma política ou acadêmica, e esse pensamento aparece cercado de nós que precisam ser desatados.
Para quem foi livre a vida inteira, não existe uma real reflexão sobre liberdade, já que esse é seu padrão de vida. Já quem viveu preso a vida inteira, através de bloqueios, cerceamentos, proibições e falta de oportunidades, reflete muito mais e de forma muito mais sincera sobre liberdade.
O empenho e a dedicação dos envolvidos nessa bela edição de desfile afro, só poderia resultar em um lindo evento. Disse em uma certa ocasião Kofi Annan: "Nossa missão é enfrentar a ignorância com o conhecimento, a intolerância com a tolerância e o isolamento com a mão generosamente estendida".
Para uma redemocratização, algumas das pautas de extrema necessidade foram acompanhadas na nova Constituição nesses últimos tempos. Temas como a criminalização do racismo, o direito à demarcação de terras dos quilombos, as cotas raciais e o ensino da história da África nas escolas. Mas muitos desses direitos ainda não são respeitados, e esse exemplar de evento, além de maravilhoso, reforça e estabelece um direito que é de todos.
Assista o vídeo:
Verdi Comunicação Fotos: © Valter Faria
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Agosto 2018
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